Um filho de Anutiba

Um filho de Anutiba Pedro Daniel


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Um filho de Anutiba





As pessoas do interior no estado do Espírito Santo costumavam dizer que onde o umbigo do recém-nascido fosse enterrado, formava-se um elo permanente entre o indivíduo e o lugar. Careço de argumento para discutir se isso era verdade ou superstição. O certo, no entanto é que apesar de haver me afastado de Anutiba há mais de meio século, ainda criança, porém vez em quando meu espírito viaja até lá através de sonho. Então me vejo seguindo o itinerário do meu tempo de criança. Andando por entre ruas da cidade, passo diante da casa do senhor Juvenal, ele era casado com um senhora chamada dona mocinha, tinham um filho e eu brincava com ele toda vez que estava mamando no peito de sua mãe sentada em um banco na calçada. Ensinaram-no a responder; ele me chamava de cacaco, eu sorria. Mais à frente, atravessava a cidade com os pés descalços, levando um caldeirão de ferro com a comida de meu pai que trabalhava lá no final da rua Viana, na fazenda do senhor João Cassa. Depois voltava pela mesma rua, subia por uma escadinha do lado esquerdo da praça. Entrava na rua da Capoeirinha e ia ao grupo escolar aprender a lidar com as primeiras letras do alfabeto. Regressava para casa, era balaio nas costas, cacumbu nos ombros e trabalho puxado até ao anoitecer.

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Thuannynm
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10/06/2018 17:28:46

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