Em um apartamento vazio, Álvaro reconstrói sua história, enquanto tenta se lembrar do porquê dessa existência abafada e desbotada, metáfora óbvia de sua desconexão com o mundo sensível. Um caco de telha sem nenhuma importância insiste em tentar arrancar pedaços de sua dor, enquanto uma coruja solitária e silente regurgita pedaços de si sob a luz fria e esverdeada de um luar distante e impotente. Para Álvaro, havia apenas a sensação que ele mesmo gerava em si. Ao olhar para um córrego, sua superfície perturbada somente pelo vento que sopra onde quer, Álvaro busca trazer sentido àqueles fragmentos de memória que vêm e vão, embebidos pelo excesso de informações que emergem, caóticas, em sua mente inebriada.
Em uma trama rica em detalhes descritivos e ponderações filosóficas, esse livro de estreia de R. Pimenta transporta o leitor para a mente de um personagem entristecido e confuso, mas demasiadamente inteligente. Com referências que abrangem de Edvard Munch a Song Dong, Haruki Murakami a Dostoiévski, Procol Harum a Beethoven, "Um Caco de Telha" trata, acima de tudo, do isolamento que caracteriza a existência humana.
Ficção / Literatura Brasileira