Tropas e Boiadas

Publicado em 1917, Tropas e boiadas é uma referência do regionalismo brasileiro que, segundo Lucia Miguel Pereira, ultrapassa a descrição paisagística, a cor local, para se inscrever na humanidade das personagens, vivendo "ainda mais miserável que pitorescamente". Em seus contos, o sertão já começa a ser compreendido como uma extensão que se aferra à simplicidade das personagens e das histórias a serem narradas. Sua beleza extraordinária está nesse enraizamento na parte sertaneja do povo brasileiro. Esse novo olhar que Hugo de Carvalho Ramos trouxe para as narrativas de cunho regional reverberará mais tarde no melhor da produção brasileira, quando autores como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa redimensionam a paisagem pela complexidade das figuras humanas que ali retratam.

Com uma linguagem elaborada, afastada dos registros miméticos do linguajar regional, mas com o ritmo extraído da oralidade da boa prosa sertaneja, Tropas e boiadas, nos seus 100 anos de publicação, nos reúne ao redor de suas páginas para ler/ouvir histórias que, embora de um Brasil arcaico, ainda são capazes de revelar um país dotado de contradições profundas que se prolongam até os dias de hoje,

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