Tristão e Isolda

Tristão e Isolda Anônimo...


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Tristão e Isolda (Clássicos Francisco Alves)


Tristan et Yseult




O que em geral mais se elogia em Tristão e Isolda é o terem sido exemplos do amor cortês, peados de virtude, guardando-se contra os apelos do amor carnal, por mais perdidamente que se amassem, a ponto de estenderem entre os dois, ao se deitarem para dormir na floresta, o gume duplo de uma espada nua, pronta a esfriar neles qualquer assomo de calor apaixonado.

O que se lê neste livro, no entanto, é uma história algo diferente Tristão e Isolda amavam-se perdidamente, sim, mas não perdiam ocasiões de se acharem como manda o figurino dos amantes, atendendo com prazer aos sempre renovados reclamos de seus corpos jovens e saudáveis.

Isso faz que Tristão, exímio na caça e valente na guerra, além de inspirado trovador e harpista, falte mais de uma vez ao compromisso de fidelidade jurada ao rei seu tio, o qual por artes do destino acabara recebendo por esposa a sua doce Isolda dos cabelos de ouro. E na real noite de núpcias a bela Isolda faz entrar na alcova do rei, seu marido e senhor, a virgindade de uma aia cúmplice, já que sua própria virgindade ela deixara tempos antes na alcova do cavaleiro, seu amado e amante.

A presença de Tristão, sempre por perto da rainha Isolda, não tarda a suscitar desconfianças, num ambiente propício a intrigas ao ponto de vigiar pessoalmente a esposa e seu possível amante valendo-se de mil e um ardis.

Num desses dias de muito fugir à insistente e perigosa vigilância do rei, Tristão não resiste à fadiga, e deita-se para dormir, vestido como estava, no chão de uma clareira, estendendo a seu lado a própria espada, sem ânimo para enfiá-la na bainha. A loura Isolda, chegando logo, depara com o amante assim deitado a dormir, e, sem o acordar, também ela se deita e adormece, do lado oposto da espada estendida, onde a relva era mais convidativa. E eis que entra em cena o esfalfa soberano, e encontra ali adormecidos os dois anjinhos, tendo ainda a separá-los o aço da espada nua - símbolo e garantia de castidade...

Em face desse quadro - que haveria de permanecer em realce na memória de quantos conhecem a lenda - o rei remorde a própria desconfiança e resolve perdoar de todo o coração o cavaleiro e a rainha, disposto de uma vez por todas a nunca mais dar ouvidos aos mexericos da corte. Ainda assim, para fazer aos dois sabedores de que ele os andara vigiando até encontrá-los ali em tão doce paz, o rei troca pela dele a espada de Tristão e troca pelo dele o anel de Isolda.

Mas Tristão acaba mesmo entristecendo de não ver solução para aquele seu romance fadado à clandestinidade, e decide "apreciar o encanto que há nas carícias sem amor", casando-se então com outra linda jovem, também de nome Isolda, a das mãos brancas. Porém a imagem da primeira Isolda nem lhe permite cumprir com as obrigações maritais perante a segunda, e entre uma Isolda e outra começa então a desfiar-se um emaranhado de ciumeiras.

E os ciúmes das Isoldas põem afinal a perder o cavaleiro Tristão, que sai pelo mundo a matar o tempo matando novos gigantes e dragões. Numa das suas lutas, embora vencedor, é ferido por uma lança fatal, e às portas da morte chama ainda pela sua Isolda dos cabelos de ouro.

Ela vem, pressurosa, encontrá-lo já sem alento; beija-o com ardor de sempre, tentando chamá-lo de volta à vida, e chega assim a um inesperado fim, por obra e graça do veneno ou da paixão - mas sobre isso o autor da história deixa ao leitor a palavra final.



Geir Campos

Aventura / Cinema / Comunicação / Crônicas / Drama / Entretenimento / Ficção / História / Infantojuvenil / Jovem adulto / Literatura Estrangeira / Romance / Suspense e Mistério

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on 31/3/22


Prolixo, repetitivo, até mesmo um tanto cansativo (teve horas que o bocejo foi inevitável), mas não deixa de ser um livro interessante (e até legalzinho) para conhecer um pouco mais sobre as lendas medievais e a romantização dos ideais cavalheirescos do Ciclo Arturiano.... leia mais

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Marcelo Aceti
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orffeus
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