No início dos anos 1970 ouvi (não li) pela primeira vez, e somente a estrofe de abertura do poema, 'Democracy', de (James Mercer) Langston Hughes (1902-1967):
Democracy will not come
Today, this year
Nor ever
Through compromise and fear.
A força clarividente dos versos soava como uma espécie de epitáfio: os tempos eram feios e parecia que os ditadores militares iriam se eternizar. A contundência do poema jamais me abandonou. Nem o autor - menestrel da negritude radical, uma insólita cunha étnica dentro da poesia, erudita e branca, norte-americana do século XX. E, estranhamente, sua obra lírica continua quase inédita entre nós - país de corte e sorte africanos onde a tragédia da cor é tão exasperante quanto a dos negros americanos de há meio século e tanto.
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