intensa, pulsante e cortante. assim é lâmia brito, poeta paulistana que se atém aos detalhes que ninguém mais vê: a cor do céu no horário de verão, uma cicatriz no peito de alguém dentro de um ônibus, o reflexo de uma alma no espelho de um elevador. em todas as funções de uma cicatriz, ela resume os últimos cinco anos em que passou se dedicando à escrita e apuração da obra. o que chega ao mundo agora é um livro pessoal, um mergulho na própria alma, a tentativa de cura das próprias dores e marcas. é uma cicatriz palpável. é uma ferida que já foi tocada tantas vezes, mas que dói a cada página virada. é a leveza de quem se reconhece humana. como diz a autora, é "o que um dia foi coração". é uma obra que dá orgulho de ler. que transforma. que ilumina. que melhora. lâmia brito é uma voz íntima. é o diálogo com o espelho. é um ouvido atento. é o encontro com quem realmente somos. ela não é uma promessa editorial. é uma escritora completa. que lê, relê, se interessa. se doa. escreve sem medo de parecer humana demais. e ela é. uma excelente escritora da nossa geração. todas as funções de uma cicatriz é a reunião de sentimentos de uma geminiana apaixonada por poesia e por hip-hop. é muito amor pulsando nas ruas quentes de são paulo. é o coração exposto de quem está mais atenta aos detalhes do que a própria formação em letras. lâmia brito é também uma amiga. uma eterna estudante de artes, medicina chinesa e energia. é o repertório de uma produtora cultural que aposta em projetos como o "projeto livrar" e "ninguém lê", para discutir obras da literatura marginal e espalha poemas no concreto de são paulo. e tudo isso está presente no livro, além de uma estética incrível. e que orgulho fazer parte disso!
Jéssica Balbino
Poemas, poesias