Seria possível, mais uma vez, em meio à saturação dos eventos sobre os cem anos de Canudos, voltar às páginas de Os sertões, maior monumento da cultura letrada no Brasil, e ler algo verdadeiramente novo? Luiz Costa Lima, com a maestria e erudição costumeiras de seu exercício crítico, neste livro brilhante, mostra-nos que sim, e mais: que, tão festejada e convertida, logo, em patrimônio e farol de nosso "nacionalismo essencial", a obra-prima de Euclides permanece, em parte, ela também, uma terra ignota na história literária e intelectual do país, espécie de magma que tanto tem servido ao conservadorismo mais autoritário, quanto às ideologias da modernização nos trópicos mais avessas a qualquer desafio teórico.
Não-ficção