Terra dos Papagaios

Na Terra dos Papagaios, quem coleciona tampinhas é rei. Elas são o emblema maior de uma brasilidade que vive de resquícios. Entre parangolés, paranauês e outros paetês, o que sobra é uma sensação de fim de festa. Qualquer coisa que tenha nos dado unidade ou identidade (ainda que fictícia) no passado está pulverizada. Os brasileiros são agora um exército armado com celulares, todos de cabeça baixa às vezes escapando das balas que matam cristãos pardos que já foram indígenas. Só pode ser chamado assim quem odeia seus pares, finalmente um elemento aglutinador, embora alguns ainda toquem um sambinha enquanto esperam o fim do churrasco. Outros são sempre menos, para quem melhor seria nem falar. Mesmo quando falam, não são entendidos pelo brasileiro médio, malemá monolíngue, que não tem onde cair morto, mas se acha. A brasileira é outro zero à esquerda, esforçando-se para bater o bife bem batidinho para não dar na cara do brasileiro que a acompanha. E o Brasil? É só um montão de terra e um caminhão de tranqueira. [Divanize Carbonieri]

Poemas, poesias