Nos cômodos diminutos e insalubres de um velho sobrado na ladeira do Pelourinho sobrevivem seiscentas pessoas: operários, mendigos, lavadeiras, prostitutas, desempregados, anarquistas - e muitos ratos. Ali, episódios se sucedem e se interpenetram, compondo um painel coletivo em que o personagem principal é o próprio cortiço, onde se amontoam moradores e suas histórias de vida: o homem que perdeu os dois braços num acidente de trabalho; a viúva do pedreiro que caiu do andaime porque o patrão pediu pressa na obra; a tuberculosa que tosse sem parar e não tem dinheiro para o tratamento; o pai de família que, sem condições de honrar o aluguel, acabou surrando a italiana que lhe cobrava o pagamento; o violinista que não tem onde exercer seu ofício.
A lógica do lucro preside o próprio funcionamento do sobrado: os quartos são subdivididos sucessivamente e até o pátio é alugado para retirantes acamparem ao relento. O único lugar vago é o vão da escada, onde os moradores se aliviam, acumula-se o lixo e o mendigo Cabaça cria um rato de estimação.
Suor retrata o cotidiano de miséria, sujeira e promiscuidade da vida urbana de Salvador. Ali, o suor de cada um, seu trabalho e sua intimidade, é ao mesmo tempo objeto de exploração e repulsa. O caráter naturalista das descrições é acompanhado de uma tomada de consciência: num contexto opressivo, em que a exploração do outro é a regra, a única saída parece ser a inspiração revolucionária.
Romance / Ficção / Literatura Brasileira