Este livro defende uma tese incendiária para os dias atuais, onde reina o absolutismo feminista: são as mulheres, e não os homens, o gênero privilegiado ao longo da história. Historiador militar, Creveld não é nenhum louco misógino, sua argumentação é irretocável e sua pesquisa, extensa e bem fundamentada. O livro é organizado com muita clareza. Os capítulos, dedicados à vida econômica, à saúde, à seguridade social ou às questões militares, entre outros, apresentam exemplos e argumentos de difícil contestação.
No capítulo sobre os rigores da lei, por exemplo, ele mostra, com estatísticas e casos específicos, que mulheres criminosas têm menos chances de ir para a cadeia; quando vão, de serem julgadas; se forem, de condenação; se condenadas, de receberem penas longas e, por fim, se as receberem, cumprirão a sentença em cadeias muito mais salutares do que as masculinas. O campo de estudo do livro é bem vasto e os exemplos, muito variados.
Desde a desmistificação da suposta opressão dos gregos às mulheres até os dados mais recentes sobre longevidade e qualidade de vida, sem esquecer a inquisição católica ou as guerras, todo o livro é uma coleção impressionante de exemplos de privilégios femininos numa desigualdade que só perdurou, na visão do autor, porque a eles correspondiam os direitos que foram exclusivos dos homens ao longo da história.
Política / Sociologia