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Senhora Marie Grubbe – Interiores do século XVII é um romance histórico, escrito, com artifício habilíssimo, na língua e no estilo da época. Isto tem significação. Jacobsen começara com os versos românticos das Canções de Gurre, que Arnold Schoenberg pôs em música moderníssima. Passou ao verso livre dos Arabescos, versos livres que são uma nuança entre a poesia e a prosa. Disciplinou a sua língua intencionalmente, pelo artifício arcaizante de Senhora Marie Grubbe, e tornou-se o maior artista da prosa das línguas escandinavas. É um colorista, isto é, um pintor sem duras cores locais, um pintor de nuanças. O olho agudo do botânico e a sensibilidade fabulosa do doente veem coisas que ninguém viu antes. Descreve o brilho dos archotes de pez sobre o ouro e prata das joias, sobre o aço das armaduras, sobre seda e veludo, um jogo de vermelho, amarelo, azul, preto e lilás; descreve mil nuanças do modesto sol de setembro num quarto. Vê tudo. Mas vê somente quadros.
Otto Maria Carpeaux
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Ele é o grande colorista de nossa prosa contemporânea. Com certeza nunca antes na literatura nórdica se pintou com palavras como em sua obra. Sua linguagem é saturada de cor. Seu estilo é harmonia de cores. E ele é o excêntrico mais cheio de alma e mais poético de nossa prosa. Tudo o que ele vê se torna algo extraordinário, tudo é peculiar na forma até o maneirismo, é intenso no tom até a morbidez. É condensado, conciso, sem enchimento ou intervalo. […]. Cada gota que apanhamos do manso caudal de sua fala é pesada, forte como uma gota de elixir ou veneno, odorífera como uma gota de essência perfumada. Há algo de fascinante, de embriagador em sua exposição. É a mais forte bebida para os ânimos que já foi preparada em nossa prosa.
Ele tem a capacidade dos verdadeiros poetas, daqueles que veem visões com seus olhos interiores e ouvem vozes com seus ouvidos interiores, de formular declarações que sugerem precisamente tanto ou tão pouco do caráter quanto as declarações feitas na vida real, e, com a ajuda de tais asserções casuais ou desnorteantes, apresentar o caráter ante o leitor precisamente com as cores e sob a luz nas quais ele deseja que esse caráter seja visto.
A cada frase que escrevia, ele tencionava dar a seu leitor uma imagem nítida, e até mais do que isso: uma visão tão clara, vívida, radiante de cores que olho real raramente pode perceber de modo tão enérgico.
Georg Brandes
Extraído do posfácio de:
Mogens e outros contos.
Administração / Ficção / Poemas, poesias