Uma tragédia (em 27 de janeiro de 2013) que ceifou a vida de 242 pessoas e deixou 680 feridas por motivos que poderiam ser completamente evitáveis. Um incêndio que teve como principal combustível uma série de descasos de particulares e do Poder Público e, em sua macabra trajetória, ainda conta com a indolência da Justiça. Por vontade certa ou por negligência, é a alterofagia (a destruição do outro) que caracteriza a história da nossa nação.
Somente um intelectual perspicaz como Victor Borges poderia elaborar uma obra desta envergadura, tanto por sua curiosidade, típica dos inteligentes que levam a sério suas investigações, quanto pelo conhecimento de experiente jornalista, que faz uma análise do caso, bastante consciente e comprometida com as peças processuais e extraprocessuais que instruem o seu deslinde.
Seguindo esta seara, o autor impressiona pela enormidade da coleta de subsídios em sua acurada investigação, trazendo elementos preciosos, para que os leitores possam conhecer as questões pertinentes ao tema com profundidade. Trata-se de tarefa hercúlea compilar e organizar os fatos e informações de uma tragédia tão multifacetada, com tantas variáveis processuais, midiáticas, dentre outros elementos.
A morosidade deste caso, em concreto, é quase um tributo, um prêmio àqueles que negligenciam os cuidados básicos legais para garantir a presença do Estado na prevenção de tragédias. É um brinde à falência estatal, que se repete diariamente sobre os escombros da negligência e da insensibilidade. O caso da Boate Kiss é um leading case que deve servir de exemplo, negativamente é claro, para que os operadores possam observar a incompetência em cadeia do Estado e quanto isso pode repercutir na vida das pessoas.
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