Salvador: transformações na ordem urbana

Salvador: transformações na ordem urbana Inaiá Maria Moreira de Carvalho...


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Salvador: transformações na ordem urbana





Sobre os principais resultados do livro “Salvador: transformações na ordem urbana”, a professora Inaiá Moreira de Carvalho aponta, por exemplo, que em relação à estrutura produtiva e ao panorama ocupacional, a metrópole baiana continua pobre, segregada, com uma inserção periférica no quesito força de trabalho no país.

“É verdade que, a partir de 2004, o emprego tem crescido, com um avanço em termos de sua formalização. As taxas de desemprego caíram, o peso dos ocupados por conta própria e dos trabalhadores sem carteira assinada recuou, a remuneração dos trabalhadores experimentou certa recuperação, e a proporção de moradores pobres e indigentes também se reduziu. Mas, ainda assim, as referidas taxas ainda representam quase o dobro da média nacional, elevando-se ainda mais fora do núcleo metropolitano e entre as mulheres, os negros, os jovens e aqueles menos escolarizados”, argumenta Inaiá e completa:

“A maioria dos ocupados se encontra vinculado a atividades que não se destacam pela geração de postos de qualidade, como o comércio, os serviços tradicionais e a construção civil. A metrópole de Salvador se mantém como um espaço de baixas remunerações, com 70,9% dos trabalhadores percebendo até dois e apenas 10% acima de cinco salários mínimos. A precariedade ocupacional se mantém bastante expressiva na região, assim como os níveis de pobreza e de indigência da população”.

Já em relação à estrutura urbana, segundo o professor Gilberto Corso Pereira, a RM de Salvador vem sendo afetada, nos últimos anos, por mudanças que têm se mostrado comuns às grandes metrópoles e a outras cidades do Brasil e da América Latina. Entre essas mudanças, destacam-se: uma expansão para as bordas e para o periurbano, assim como o esvaziamento, a decadência ou a gentrificação de antigas áreas centrais; a edificação de equipamentos de grande impacto na estruturação do espaço urbano; e a difusão de novos padrões habitacionais e inversões imobiliárias destinadas aos grupos de alta e média renda, com a proliferação de condomínios verticais ou horizontais fechados, que ampliam a autossegregação dos ricos, a fragmentação e as desigualdades urbanas, assim como revelam uma afirmação crescente da lógica do capital na produção e reprodução das cidades.

“No seu conjunto, as mudanças e os processos vêm reproduzindo e reforçando os padrões de segregação e segmentação e as desigualdades que se conformaram historicamente na metrópole de Salvador”, explica Gilberto Corso e acrescenta:

“Vemos que a produção capitalista e empresarial da habitação é segmentada em termos sociais e espaciais, orientando-se, basicamente, para as camadas de maior renda. Dos antigos bairros de classe alta e média, comuns nas grandes cidades brasileiras, passou-se à produção atual de megacondomínios verticais e horizontais, com seus aparatos de separação e distanciamento, os quais, além de propiciar uma homogeneidade social, impedem a porosidade urbana e asseguram que qualquer mistura social só poderá acontecer fora de suas fronteiras”, explica.

Nesse sentido, as formas recentes de produção da moradia e do espaço urbano em Salvador mostram uma ampliação da fragmentação socioespacial da metrópole, agora se expressando na forma de enclaves de diversas naturezas que caracterizam o atual espaço construído.

Outro destaque do livro é o tema da mobilidade urbana. O capítulo VII “Organização Social do Território e Mobilidade Urbana” aponta que a metrópole de Salvador vive um colapso de mobilidade. “Os tempos de viagem estão se tornando cada vez maiores para quem transita em Salvador; isso acontece porque as políticas de transporte e mobilidade se voltam para o veículo individual e não para os pedestres e para o transporte público”, argumenta.

Segundo ainda Corso, a precária mobilidade urbana de Salvador penaliza todos os moradores, mas o faz especialmente para aqueles mais pobres e residentes em áreas periféricas, pois, enquanto os domicílios que são ponto de partida das viagens se dispersam espacialmente, a distribuição dos serviços e das oportunidades de trabalho está cada vez mais concentrada.

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