Roubando o fogo

Algumas revoluções começam com um tiro; outras, com uma festa. Nos tempos mais remotos da história da civilização ocidental, é possível encontrar narrativas cujos rebeldes protagonistas pagam qualquer preço por um estado alterado de consciência. Tais relatos indicam um padrão perene que atravessa a história humana.

No centro dessa dinâmica está o mito de Prometeu, o rebelde original, que roubou o fogo dos deuses e o compartilhou com a humanidade. Ao fazê-lo, proporcionou ao ser humano não apenas luz e calor, mas o poder de semear a civilização: a linguagem, a arte, a medicina e a tecnologia.

A transgressão dá resultado: o mundo se torna mais excitante, e novas percepções se acumulam. Inevitavelmente, em algum momento a festa sai do controle. Os guardiões da lei e da ordem encontram o ladrão e acabam com a diversão. Até outro rebelde iniciar o próximo ciclo.

Roubando o fogo é a história da mais recente volta desse ciclo e, potencialmente, da primeira vez na história da humanidade em que temos a chance de conduzir a narrativa a um final diferente. É a história de toda uma classe de novos Prometeus - executivos do Vale do Silício, membros das forças especiais norte-americanas, cientistas, biohackers, artistas, empreendedores, entre muitos outros -, que se valem de técnicas extáticas para alterar a consciência e acelerar o desempenho.

Estamos testemunhando uma grande onda, um crescente movimento de invasão dos céus para roubar o fogo dos deuses. Vivemos uma revolução nas possibilidades do ser humano. E essa revolução é o tema deste livro.

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