O Estudo de Maria de Lourdes da Conceição Cunha tem o grande mérito de, a partir de um recorte temático, revisitar nosso maior ficcionista do Romantismo, José de Alencar ,e , de certa forma, apresentar uma escritora do mesmo período, Maria Firmina dos Reis, bem pouco conhecida do público, mas que, por sua simples existência como escritora, representa a manifestação de um primeiro impulso da escrita feminina no Brasil. Colocar, como objeto de investigação, o romance Úrsula ombro a ombro com O Guarani, de nosso romancista canônico, é uma tarefa, num só compasso, audaciosa e exata: audaciosa pela coragem de assumir atitude de dessacralização que só os críticos maduros apresentam diante de seus objetivos de estudo; exata porque necessária a avaliação de autora ainda deslocada do sintema literário em que, entretanto, precisa ser inserida. Por todos os títulos, portanto, este trabalho de Maria de Lourdes Conceição da Cunha é de importância para os estudos em torno do Romantismo: Por apresentar uma visada original e por permitir a reavaliação de uma autora justamente pouco conhecida.
Marlise Vaz Bridi
Universidade de São Paulo e Universidade Mackenzie