Reencantando o mundo

Reencantando o mundo Silvia Federici


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Reencantando o mundo


feminismo e a política dos comuns




Reencantar o mundo ressignifica as categorias marxistas, reinterpretando-as em uma perspectiva feminista. Acumulação é um desses conceitos, assim como reprodução. Luta de classes é um terceiro, inseparável do quarto, capital. Para Federici, a “teoria do valor do trabalho” ainda é a chave para entender o capitalismo, embora sua leitura feminista redefina o que é trabalho e como o valor é produzido. Ela mostra, por exemplo, que a dívida também é produtiva para o capital: uma poderosa alavanca de acumulação primitiva — empréstimos estudantis, hipotecas, cartões de crédito e microfinanças — e um mecanismo de divisões sociais.

A reprodução (educação, assistência médica, pensões) tem sido financeirizada. Esse cenário vem acompanhado de uma deliberada etnografia da vergonha, sintetizada pelo Grameen Bank, que toma até as panelas dos “empreendedores” inocentes e empobrecidos que atrasam os pagamentos. John Milton, autor de Paraíso perdido, o poema épico da Revolução Inglesa, condenava a prática de “apreender panelas e frigideiras dos pobres”. Ele também viu a vergonha e a astúcia: primeiro, cercar a terra; depois, apossar-se da panela. (Ou seria o contrário?)

Federici toma partido e faz isso de forma distinta dos outros. Existe a escola de “recursos comuns”, os comuns sem a luta de classes. Há a escola que enfatiza a informação e o capitalismo cognitivo, mas ignora o trabalho das mulheres na base material da economia cibernética. A escola da “crítica da vida cotidiana” esconde o trabalho interminável e não remunerado das mulheres. A reprodução de um ser humano é não só um projeto coletivo como também o mais intensivo de todos os trabalhos. Aprendemos que “as mulheres são as agricultoras de subsistência do mundo. Na África, elas produziam 80% da comida consumida pelas pessoas”. As mulheres são guardiãs da terra e da riqueza comunitária. São também as “tecelãs da memória”. Federici olha para o corpo em um continuum com a terra, pois ambos possuem memória histórica e estão implicados na libertação.

Peter Linebaugh, no prefácio

Não-ficção / Política

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"Ao longo desse processo, jamais deixei de imaginar o que diriam as pessoas que já vivem uma experiência comunitária: os comuns são vividos; não se pode falar sobre eles, muito menos teorizá-los. Imagino que isso se deva à dificuldade de apresentar em palavras uma experiência tão poderosa e rara como a de fazer parte de algo maior do que nossa vida individual, de habitar 'esta terra da humanidade' não como um estranho ou invasor, que é a maneira como o capitalismo deseja que nos relaci... leia mais

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