Quatro novelas

Quatro novelas Ana de Castro Osório


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Chamo-me Raquel. Creio que este nome é hereditário na minha família, porque a minha avó e a mãe da minha avó eram também Raquel. Não sei. De genealogias, como de tudo mais, entendo pouco.

O mais longe que posso recordar na minha existência humana, vejo-me feliz.

Era uma grande casa de aldeia, a nossa. Havia ali de tudo quanto pode desejar uma criança acostumada à simplicidade da vida campestre.

Os pátios eram habitados por uma multidão de animais domésticos, que nos conheciam bem, de tanto milho que às escondidas lhes deitávamos.

Eu era a mais velha, e os meus quatro irmãozitos seguiam-me alegremente pelos campos fora, como um rebanho segue o pastor. Nada nos era defeso, nem parede que não tivéssemos escalado, nem árvore que não conhecêssemos como os nossos dedos. Os frutos eram vigiados desde que as árvores se cobriam de prometedoras flores, e antes, muito antes da família os ver em casa, já nós tínhamos feito a nossa primeira escolha. Quando a nossa pobre burrica descansava do fatigante trabalho da nora, íamos desamarrá-la da manjedoura, saltávamos-lhe para cima, e fazíamo-la trotar pelos caminhos pedregosos da aldeia como um pur-sang trotaria nas avenidas areadas dum luxuoso parque.

Felizes tempos!…

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