Thaisa 19/06/2023
Bug do milênio? Só quem viveu sabe!
Erin, Tiff, KJ e Mac, quatro garotas que entregam jornal em sua cidadezinha, nos anos 80, acabam envolvidas acidentalmente em uma guerra temporal que as levará de um momento do tempo para outro...
Nesse quarto volume de "Paper Girls", elas sairão de um passado longínquo e serão jogadas nas comemorações de um novo milênio, em que todas as pessoas estão alvoroçadas pela virada de 1999 para os anos 2000, esperando diversas mudanças - incluindo o possível fim do mundo proveniente do famoso "bug do milênio".
Enquanto Erin, KJ e Mac tentam encontrar o cartunista responsável por deixar mensagens codificadas nos jornais que elas entregavam, Tiff é lançada para o outro lado da cidade e terá uma surpresa: apenas ela é capaz de ver um duelo terrível que está acontecendo entre robôs gigantes, cada um dominado por um grupo que quer controlar o tempo. Sem saber o que fazer, ela tenta encontrar seus pais, mas acaba se deparando com seu futuro noivo... E ela mesma.
Mais uma vez, o meu maior problema em um volume dessa série de quadrinhos foi com a Mackenzie, que se mostra totalmente lesbofóbica e, como sempre, ofende mais minorias, não por sua ignorância, mas por seu preconceito.
No entanto, as outras três protagonistas fizeram cada segundo valer a pena: Erin mostra sua genialidade novamente; KJ continua sendo autêntica e forte; e Tiff, uma personagem cheia de determinação e que é o maior foco dessa parte da trama, nos leva em uma viagem pelo seu passado, presente e futuro de forma bem interessante. Além disso, adorei conhecer mais dos outros personagens explorados aqui, como os líderes que comandam essa guerra temporal, a artista por trás dos cartoons e até meus novos crushes (Tiff dos anos 2000 e seu noivo, ambos amantes da estética emo/gótica).
A história de Vaughan finalmente presenteia os leitores com algumas respostas sobre o que realmente está ocorrendo, conseguindo nos surpreender ao trazer revelações inesperadas e bem desenvolvidas, sem contar que temos muita representatividade e diversidade não apenas ao longo do enredo, mas principalmente nesse volume - o que me deixou bem feliz. Já a arte de Chiang continua sendo o ponto alto de "Paper Girls", criando uma estética própria que virou marca registrada dessas HQs...
A ambientação, criada tanto pelo autor quanto pelo artista e refletida em diálogos e imagens, foi perfeita; ao mesmo tempo em que me senti transportada para a virada dos anos 2000, também me senti uma velha caquética ao ser confrontada por teorias da conspiração da época, expectativas para uma nova era e até a histeria coletiva do "bug do milênio" que apenas nós, que vivemos esse momento, sabemos a loucura que foi.
Do mais, só posso dizer que estou curiosíssima para saber mais sobre os conflitos do espaço-tempo, aprender mais sobre as motivações de seus líderes, saber como essas garotas farão para voltar para 1988 e acompanhar o desenvolvimento da amizade e do amor que elas nutrem uma pela outra.
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