Thaisa 10/03/2023
Paralelo melancólico (e genial!) entre presente e passado...
Antes de mais nada, já quero começar essa crítica anunciando que, até o momento, este é o meu volume favorito de "Attack on Titan" - e tudo por causa da maneira com que Hajime Isayama construiu e revelou essa parte do enredo!
Logo na primeira página, já somos levados ao passado, onde podemos acompanhar os treinamentos dos aspirantes à soldados. Sim, temos a presença dos personagens que já conhecemos tão bem, como Mikasa, Armin e, principalmente, Eren, mas o grande foco desse volume são os colegas de regimento desses protagonistas.
Quando esses jovens foram apresentados rapidamente nos volumes anteriores, não foi fácil distinguir ou reter na memória tantos rostos e nomes, mesmo que o leitor possa ter compreendido a intenção geral de cada um deles. No entanto, dessa vez, há um grande destaque em cada um deles: aprendemos mais sobre o seu passado, suas experiências, a personalidade de cada um e, mais do que isso, entendemos as motivações que cada um dos personagens apresenta na hora de escolher em qual ramo do exército gostariam de servir.
É fascinance como, em poucas páginas, temos a chance de aprender mais sobre as grandes fraquezas e as gigantescas qualidades que cada um possui, entendendo, portanto, como cada personagem é capaz de complementar o outro nessa luta interminável contra os titãs.
Mesmo tendo questões tão profundas durante este 4° volume, o maravilhoso trunfo de Hajime Isayama não está em apenas mostrar, com mais detalhes, essas pessoas; está em como ele consegue fazer uma transição perfeita do passado para o presente, criando um paralelo belíssimo e chocante entre suas interações passadas e o que eles estão vivendo agora, logo após o grande ataque que aconteceu nos volumes anteriores. Confesso que essa parte da história, mais melancólica e visceral, foi o que me ganhou tanto.
Como em qualquer trama com muitos personagens, alguns tomam o papel de heróis para si, enquanto outros são vistos com uma certa vilania, porém, nesse momento, quando todas as cartas são colocadas na mesa, percebemos que, assim como na vida real, todos nós temos luz e trevas por dentro, e ninguém é exclusivamente bom ou ruim.
Apesar de eu ainda não amar a arte de Hajime, ela brilha mais aqui, pois não temos tantos cenários, realçando as expressões dos personagens, o que o mangaká domina muito bem. Ainda assim, o que realmente precisa ser enaltecido é a trama que Isayama vem construindo, os seus protagonistas e personagens secundários, sendo que o artista também explora bastante os dilemas morais que todos enfrentam, o que faz com que o leitor acabe se sentindo próximo de cada personagem; mas como o apego gera consequências, é possível que você também acabe sofrendo com perdas inevitáveis que teremos ao longo da história, assim como aconteceu comigo...
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