Antonio.Herdy 25/01/2022
Tudo que Breccia toca vira ouro
É impossível não começar falando sobre a arte de Alberto Breccia, que nesse trabalho é acompanhado por seu filho, Enrique Breccia.
Nessa biografia de Che temos muito contraste entre preto e branco, que é a especialidade de Enrique. A arte é pesada, é visceral, cheia de ranhuras, Breccia pai, como bom expressionista que foi, consegue distorcer a forma não somente em seus desenhos, mas na forma de fazê-los, visto que utilizava de materiais nada convencionais para isso, como por exemplo: navalhas (existem vídeos disso no YouTube).
A arte tras o peso do momento tratado e condiz com a força do roteiro do sempre genial, Hector Oesterheld. Que faz uma bibliografia muito boa sobre a vida dessa figura tão importante para a história mundial e tão polêmica, porque é incrível que ao citar o nome dele, ninguém deixa de se posicionar. Você tem desde os conservadores de direita que automaticamente viram militantes da causa LGBTQIA+ ao dizer: "ele perseguia homossexuais", o que é engraçado pois parece que esquecem que Churchill tratava homossexualidade como doença, e que isso não é ligado a direita ou a esquerda, mas sim a homofobia extremamente presente naquele tempo, mas não vamos entrar nesse mérito. E em contraponto a isso, os defensores do mesmo. Então para além de polêmicas de internet, acredito que a importância desse personagem histórico ninguém pode negar.
Para além do quadrinho em si, acho muito interessante a história que se formou ao redor dele. Como por exemplo a lenda de que Alberto Breccia teria enterrado os originais em seu quintal após Oesterheld ter sido preso e morto, junto das 4 filhas, pelos militares da ditadura Argentina.
Tudo isso engrandece ainda mais a obra.