Vinland Saga Deluxe #04

Vinland Saga Deluxe #04




Resenhas - Vinland Saga Deluxe #04


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Paulo 22/12/2022

A nova coalizão de forças reunindo Thorkell e Askeladd chegam à cidade de York onde o príncipe Knut vai se reencontrar com o seu pai. Antes de chegaram lá, temos mais um duelo de Thorfinn. O antigo bando de Askeladd está quase todo desfeito, fruto dos últimos desdobramentos. Algumas das pessoas que o traíram e se arrependeram desistem da vida a bordo de um drakkar e Bjorn tem seu destino consumado após ser gravemente ferido durante o motim. Conhecemos mais do passado do astuto comandante e sua ligação com a famosa lenda de Artorius. Chegando na corte de York, Knut traça planos para matar seu pai, a única solução para permanecer vivo. Só que Sweyn não é rei por acaso, e vai surpreender a todos tomando algumas decisões que colocarão obstáculos reais nas ambições de Knut. Esse é o final do prólogo deste grande mangá que terá alguns plot twists de cair o queixo.

Na última resenha, havia comentado que a arte de Yukimura havia começado a abandonar o estilo clássico de mangá japonês, optando por outros modelos corporais, estruturas de cenário, entre outros. Aqui esta mudança se torna ainda mais aguda e Vinland Saga passa a ter poucos resquícios de mangá propriamente dito além da forma de leitura oriental e do uso das linhas cinéticas em cenas de ação. Knut era um dos poucos que ainda mantinha aquele estilo corporal clássico de mangá, mas para afirmar a mudança de postura do personagem, Yukimura fornece linhas mais rígidas a ele, conferindo um ar mais real a ele. Para a narrativa isso é muito positivo porque faz com que ela abandone o lugar comum e possua uma personalidade própria. Talvez o que melhor define esse novo estilo de desenho é o rei Sweyn, que não tem nada de oriental. Um olhar cansado, pelos nas mãos e no corpo, um cabelo desgrenhado. O cuidado de Yukimura representando a coroa da Dinamarca é sensacional com uma linha de runas trabalhadas na extensão dela.

Artisticamente esse é um volume metade introspectivo e na outra voltada para o caos absoluto. A primeira parte é focada em mostrar um momento de descanso dos personagens e ao mesmo tempo uma reflexão sobre o que foi feito até ali. O fundo é quase sempre composto por nevascas ou cenários vazios apenas com neve ao fundo. O céu mais escuro contribui para esse cenário mais melancólico. A cidade de York foi muito bem pensada e isso só revela o quanto o autor pesquisou sobre o período em questão. O grande salão onde Sweyn se abriga junto de suas tropas é baseado no modelo dos salões dinamarqueses com amplo espaço para a reunião dos jarls e salas secretas que permitem ao líder chamar suas tropas caso seja atacado. Há também uma preocupação em retratar as armaduras de maneira bastante fiel ao que era na época com as cotas de malha, os capacetes vikings, as diferentes armas. Pensem que se trata de um mangá onde o desenhista tem pouco tempo entre as edições. Normalmente os mangakas optam por um traço mais simples para ganhar velocidade, mas Yukimura não e tenta trazer algo que seja bastante fiel.

Assim como no volume anterior, esse é voltado também ao Askeladd e ao príncipe Knut. O personagem é galês e era escravo até meados de sua adolescência quando foi trazido para uma casa grande. Yukimura nos apresenta duas modalidades de escravidão ao longo deste volume. Vale a pena o leitor brasileiro conferir este volume em especial porque sempre atrelamos a escravidão ao modelo moderno que teve o tráfico de escravos africanos para o Novo Mundo. E esse nem sempre foi o modelo preponderante. Na Antiguidade e na Idade Média, a escravidão ocorrida durante guerras era bastante comum. Quando uma cidade era saqueada, os senhores da guerra precisavam decidir o que fazer com os sobreviventes. Simplesmente matá-los era uma solução possível, mas logo se percebeu que era possível fazer dinheiro vendendo mão-de-obra escrava a quem tivesse interessado. Os escravos passavam a fazer parte das propriedades de um senhor que os colocava em suas fazendas. Vejam que interessante pensar em outras etnias encarando os perdedores como escravos ao invés do pensamento comum de que apenas o homem negro era escravizado. Aqui são brancos escravizando brancos. A diferença está puramente na origem dos mesmos... os ingleses que estavam sendo invadidos pelos dinamarqueses se tornavam estes escravos. Encaramos a realidade da exploração dos escravos com as torturas físicas e psicológicas, algo que deixou marcas na mente de Askeladd.

Lá para o final deste volume vemos Einar se tornando escravo de Ketil. Mas um modelo de escravidão diferente, ocasionado por dívidas. Esse era um modelo comum na Antiguidade Clássica e não tem nada de livre para o escravizado como Einar pensa a princípio. Porque o escravo acaba dependendo de manter uma produtividade caso contrário pode ter sua dívida aumentada e esta passar para seus filhos. As condições para alguém se tornar livres nunca são simples e o objetivo não é libertar a pessoa, mas dar uma falsa impressão de que existe uma possibilidade de saída. Em um primeiro momento Einar não tem esperança alguma de ser libertado para no momento seguinte alguém fornecer alguma luz. É com esse objetivo que inicialmente o escravo se esforça duas vezes mais para conseguir obter sua liberdade. Claro que essa é uma solução de curto prazo e em algum tempo ele irá perceber a armadilha por trás do acordo. Provavelmente Ketil deve ter tido contato com os sistemas de trabalho dos antigos romanos que habitavam na região e implementou-o como diferencial. O escravo que ele está usando como exemplo de alguém que se tornou livre provavelmente faz parte também do esquema.

Outro ponto da escravidão é o quanto ela objetifica o ser humano. Quando os escravos são capturados eles são avaliados por sua beleza, capacidade física e outras características que possam despertar a atenção de diferentes públicos. Muitos não resistiam às longas viagens e doenças como um resfriado simples poderiam ser fatais. Como impedir que o resto da tripulação também seja infectada? Jogando o escravo fora e assumindo o prejuízo. Era necessário aprontar o escravo da maneira ideal para ser apresentado nos mercados de escravos. Por isso aquelas cenas com os preparativos feitos pelos traficantes para oferecer visões falsas sobre quem eles estivessem vendendo: a menina que aparentava ser mais jovem do que verdadeiramente é, evitar marcar ou provocar cicatrizes nas "mercadorias", tratar doenças caso fosse possível. Havia compradores para todo o tipo de escravos, desde aqueles que queriam apenas para o trabalho braçal em suas fazendas ou minas de exploração aos donos que preferiam escravos sexuais. E nesse ponto, o escravo adquirido podia ser de qualquer um dos gêneros ao gosto do comprador. A análise corporal era bastante comum para avaliar o escravo de acordo com a necessidade: saber se o escravo tinha canelas finas (se tivesse seria um trabalhador ruim), a preferência pelos mais novos (mais fáceis de "domesticar" o quanto antes), mulheres que fossem boas reprodutoras para economizar na "fabricação" de novos escravos. Vamos pensar que toda essa economia da escravidão era um terreno sombrio e repleto de complexidades. Yukimura consegue trazer isso em poucas páginas, de uma maneira sutil, mas bastante completa. Todos os elementos da economia da escravidão estão presentes na parte final.

Mas, vamos voltar ao Askeladd que é a estrela dessa edição. Conhecemos o local de sua origem, o País de Gales. Ele não fala exatamente onde nasceu, mas de onde sua mãe era originária. Ele traz consigo a narrativa de Artorius, ou Artur, o lendário rei da Britânia que teria construído a utopia de Camelot e, após sua morte, fora levado a Avalon de onde um dia retornaria. Isso é para vermos o quanto a população britânica era diversa e alguém como Askeladd havia conseguido entrar no exército inimigo e se tornado parte dele. Desde o começo da interação dele com Knut que passamos a perceber algo diferente na postura do personagem. Mais astuto do que o padrão entre os dinamarqueses, pouco a pouco ele vai revelando suas reais motivações. Concorde ou não com ele, Askeladd passou por muitas situações ruins o que o fez se tornar quem ele é. Novamente voltamos à questão da escravidão, porque era comum os senhores de terras se envolverem com escravas e "produzirem" filhos bastardos. Estes não tinham lugar na família assim como os escravos que eram usufruídos. Era a visão do escravo como objeto. Ter sido levado para a família do seu escravizador foi uma situação de pura sorte do jovem Askeladd que pôde se tornar parte da família. Não era comum e quase sempre o bastardo era mantido à parte para não ter quaisquer ambições. O desejo de Askeladd do retorno do herói lendário foi a esperança de muitos entre seus conterrâneos. Os galeses procuram inclusive manter suas tradições e sua cultura, conseguindo esse feito até hoje.

E o protagonista? Bem, Thorfinn anda passando por um arco de questionamento interior. Ao se encontrar com o tio Leif em York ele começa a perceber o quanto ele desperdiçou sua vida em uma vingança. Até Askeladd se incomoda agora com os duelos de Thorfinn, algo que não leva a lugar nenhum e o próprio garoto já não tem razão de estar no bando além do fato de ser útil como um guerreiro. Se Askeladd é sua única motivação para viver, o que vem depois? Thorfinn fica sabendo que sua mãe está muito doente e sua irmã casou e teve filhos. E ele não participou de nenhum desses momentos. Ao contrário, nada o prende mais às intrigas de Knut ou à sagacidade de seu eterno rival, além do desejo de assassiná-lo em nome do pai. Por essa razão que a virada narrativa que acontece na segunda metade é tão impactante. Quando seu cérebro processa o que aconteceu é como se ficasse em frangalhos. Como o que aconteceu ao membro da tripulação de Askeladd no volume anterior ao perceber que seus planos tinham ido por água abaixo. Thorfinn vai precisar redescobrir quem ele é de verdade e o que deseja em sua vida para finalmente conseguir tocar sua vida adiante.

Um belo volume que muda todas as dinâmicas desenvolvidas até aqui. Digo mais, para mim é o melhor até agora. Em drama, em história, em aprofundamento de personagem e no aspecto da arte. A narrativa começa também a sair do espectro do shounen comum para seguir para algo mais seinen, ou seja, mais adulto. Já não é mais um menino andando com vikings, para ser uma trama política, social e de construção humana. É realmente o fim de um longo prólogo para vermos o que vai realmente se suceder daqui em diante. Thorfinn vai ser obrigado a amadurecer, caso contrário permanecerá no mesmo lugar e não crescerá como pessoa. Sem falar no que aconteceu a Knut e Thorkell depois de toda a confusão no salão do rei Sweyn.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Bastos 06/11/2022

Simplesmente foda kaka não tenho muito o que falar pq esses primeiros 4 volumes é a primeira temporada do anime, então não foi nenhuma surpresa pra mim, só o finalzinho que conta um pouco a mais do que foi mostrado no anime. Aaah e só elogios pra arte que é maravilhosa e brutal.
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Nerdilizando Tudo 17/04/2022

Vinland Saga é simplesmente espetacular com uma história cheia de reviravoltas e personagens marcantes. A história se baseia no período nórdico e tem desenhos simplesmente espetaculares.
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Caio.Rocha 17/02/2022

Simplesmente Viland Saga...
Após um plano muito ardiloso o Rei Sweyn finalmente é morto, porém a um preço alto, Askeladd é morto e Thorfinn não consegue sua desejada e sonha vingança. Após todos esses acontecimento, o que acontecerá com Thorfinn? ??
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Gg 21/07/2021

Uau e o que vem agora?
O modo como essa parte acabou foi surpreendente e é estranho ver como acontecimentos mudam pessoas,o que será que acontecerá agora?, parece que a história perdeu um pouco o sentido mas minha curiosidade só aumenta.
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Chester 16/05/2021

Sem palavras
Yukimura, você é um rei! Que pesquisa! Você simplesmente é o cara!
Temos o desfecho de alguns personagens e a estrada segue com outro.
Já quero ler o volume 5!
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spoiler visualizar
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