Prvo lice jednine

„Svet u kojem živimo često se u trenutku okrene naglavačke ako samo promenimo način posmatranja. Ukoliko se promeni samo način na koji pada zrak sunca, senka može postati svetlo i svetlo senka. Pozitivno postaje negativno, a negativno pozitivno. Ne umem da ocenim da li je takva pojava jedna od suštinskih odlika onoga kako je svet ustrojen ili je samo optička varka.“ Murakami opet piše u prvom licu jednine. U ovim pričama čitaoci će prepoznati modele i likova i situacija iz njegovih prethodnih romana i priča. Lični događaji zaogrnuti su fikcijom, s jasnom namerom da čitalac ne može da odredi gde je granica fiktivnog i realnog.

Ali, ova zbirka priča nije autoportretisanje u formi fikcije, već je, pored ostalog, stavljanje u fokus pojmova koji očigledno u ovoj zreloj fazi života i stvaralaštva opsedaju jednog od najčitanijih pisaca na svetu: nestalnost smisla (u književnosti i životu) i identiteta. Ovom temom se bavi na momente i samoironijski, uz kritiku onih koji pretenduju da neupitno znaju šta je pisac hteo da kaže i ko je taj pisac, jer mi svi živimo „u prostoru između maske i pravog lica“, s tim što je kod nekog taj prostor uži, a kod nekog širi. Pa čak i ono najvažnije – ljubav, kao „gorivo koje nam je neophodno da bismo dalje živeli“, najlepše je kad o nekom ponešto ne znamo, ili kad majmun iz Šinagave ukrade nečiji identitet, tako da ta osoba zaboravi i svoje ime.

"O mundo em que vivemos muitas vezes vira de cabeça para baixo em um instante se apenas mudarmos nossa aparência. Se você mudar apenas a forma como os raios do sol incidem, a sombra pode se tornar brilhante e clara. O positivo torna-se negativo e o negativo torna-se positivo. Não posso avaliar se tal fenômeno é uma das características essenciais de como o mundo está organizado ou é apenas uma ilusão de ótica. "Murakami escreve novamente na primeira pessoa do singular. Nessas histórias, os leitores reconhecerão modelos, personagens e situações de seus romances e histórias anteriores. Os acontecimentos pessoais são envoltos em ficção, com a clara intenção de que o leitor não consiga determinar onde está a fronteira entre o ficcional e o real.

Mas essa coleção de histórias não é autorretratada na forma de ficção, mas, entre outras coisas, enfocando conceitos que obviamente nesta fase madura de vida e trabalho assombram um dos escritores mais lidos do mundo: instabilidade de sentido (literatura e vida) e identidade. Ele lida com esse assunto às vezes e com ironia própria, com a crítica de quem finge saber sem questionar o que o escritor queria dizer e quem é esse escritor, porque todos vivemos "no espaço entre uma máscara e um rosto real" , com alguém o espaço é mais estreito, e em alguns é mais amplo. E até o mais importante - o amor, como “o combustível que precisamos para viver”, é melhor quando não sabemos nada sobre alguém, ou quando um macaco de Shinagawa rouba a identidade de alguém, para que a pessoa esqueça seu nome.

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