Este volume, que começa com o nascimento do homem, termina com a derrota dos deuses. Aos escolher essa ordem de acontecimentos, tentamos mostrar um aspecto da mitologia grega diverso do ponto de vista habitual. Pois, além das qualidades poéticas, das características às vezes excessivamente terrenas de seus deuses, além de seu conteúdo ético universal e atemporal, a mitologia dos gregos antigos tem uma glória suprema: a ousadia de pensamento, que veio a ser a marca distintiva de sua filosofia e de sua concepção de mundo.
Quando o coro das Oceânides aflige-se diante do sofrimento ingente de Prometeu e, nos sagrados confins do Teatro, prorrompe-se em indignados lamentos: "Aprendemos a odiar os traidores!", e o traidor é ninguém menos que o supremo Zeus; ou, ainda, quando a palavra "traição" é empregada para qualificar o cumprimento das ordens do soberano dos deuses e dos homens, podemos perceber nitidamente o quão arrojado e corajoso é o pensamento que preside aos mitos gregos e quão cara lhes é a ideia de liberdade.
Ficção / História