Uma das principais características da poesia de Moisés Guimarães é a tensão entre melancolia e desbunde. Sem deixar de sentir o peso das coisas, seus eus poéticos levitam a fim de experimentar a vida ordinária e cotidiana com alguma beleza. Também no livro Preâmbulos podemos perceber essa a régua ética que mede ironia e enfrentamento do mundo. Como de costume, nos livros anteriores, o autor faz seus eus vestirem e despirem máscaras diante de quem lê. Guiados por anjos tortos, esses eus, então, fazem-nos perceber descortinar-se com nitidez, mais uma vez, o poeta e sua inquietude criativa, que, "como pomba que pousa no fio", desbunda a febre de estar em contato com personas diversas e desejantes: "E foi naquela revoada de amapôs / que chegou Patrício / shortinho curto / bola na mão / puro tesão". Patrício, como o Pátroclo de Aquiles, é o calcanhar, é o veneno e o remédio da sonora existência mundana, esse estado de coisas em que "o sol nunca se põe / tem um quê de quem se esconde". (Do Prefácio de Leonardo Davino de Oliveira)
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