Clássico da comunicação no país, em terceira edição revista, a obra propõe uma nova maneira de fazer jornalismo, baseada na ética e no interesse público. O autor analisa o padrão de jornalismo dos dois maiores jornais do país – Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo – e revela ações que instrumentalizam ou manipulam a informação.
O livro apresenta variados exemplos do que se deve e do que não se deve praticar na profissão. Dividido em quatros partes, reúne várias demonstrações de contradição, manipulação, conveniência e discrepância na apuração, no tratamento e na propagação da notícia. Avalia posturas e mostra os processos que determinam o posicionamento dos veículos perante os fatos, utilizando como elementos de pesquisa a reprodução de material publicado nos jornais.
Na primeira parte, “Pragmática viva”, Chaparro faz o rastreamento da notícia. Seus critérios para escolher as produções são: serem reportagens sobre assuntos socialmente relevantes; possuírem alto potencial de conflito político, ideológico ou moral, caracterizando o confronto de interesses; serem relatos de verificações feitas fora da redação, teoricamente desenvolvidos com a liberdade e a responsabilidade moral do jornalista. Esse trabalho envolve ainda outro critério, o de checar o impacto da notícia em diferentes editorias para analisar os reflexos nas interações editor–pauteiro–repórter–fontes–normas internas. E Chaparro dá vários exemplos das conseqüências da interpretação dúbia do repórter e da condução tendenciosa da informação pelo editor, num conturbado ambiente de reserva nas redações.
“O poder de (des)informar” é o tema da segunda parte. O autor trata do poder do boato, da incompetência na apuração, do dilema estabelecido pela declaração em off e da capacitação das fontes como elementos determinantes no desenvolvimento da notícia. De acordo com Chaparro, “sempre que um editor ou um repórter – por incompetência, arrogância, interesse pessoal, ambição de poder, irresponsabilidade profissional, subalternidade a quem o controla ou qualquer outro motivo – priva o leitor da notícia correta e plena, trai o principal e mais belo dos compromissos que tem com a construção e o aperfeiçoamento de uma sociedade livre: assegurar a ‘todo indivíduo’ o direito de ser informado. Com o relato veraz”.
Na terceira parte, sob o título “O poder da norma”, Chaparro aborda o que está intrínseco nos manuais criados pelas redações das empresas de comunicação. “Porque todos os esforços e recursos se articulam em torno de processos comunicativos complexos, os manuais normativos acabam dando substância a pragmáticas particulares que, além de motivar as intenções jornalísticas, alcançam comportamentos e propósitos de fontes e leitores”, afirma.
O autor descreve conceitos de caráter pragmático na quarta e última parte do livro: “Propostas teóricas”. Chaparro explica a diferença entre propósito e intenção na ação jornalística e relaciona o fazer jornalístico aos padrões de ética e moral. Por meio de um fluxograma demonstrativo de todo o procedimento envolvido, sempre citando os grandes pensadores das comunicações e seus preceitos, o autor discorre sobre a técnica profissional ricamente embasado em extensa bibliografia.