Por uma Teologia da Libertação

Finalmente temos em português uma edição cuidadosa, à altura de sua grandeza, da tese doutoral defendida por Rubem Alves na Universidade de Princeton, em New Jersey, USA, em 1969. “Por uma Teologia da Libertação”. Esta reflexão desenvolvida por Rubem foi parte de um processo de discussão teológico-política que vinha se desenvolvendo na América Latina há alguns anos, paralelamente às novas propostas econômico-políticas que ocupavam as principais universidades do continente.
Em 1966 realizou-se, sob os auspícios do Conselho Mundial de Igrejas, um encontro teológico na pequena cidade de Cartigny, perto de Genebra, que teve por tema a discussão da questão do desenvolvimento do chamado 3º Mundo e o papel e a responsabilidade das igrejas frente à situação que experimentava a maioria da população essas regiões. Dois representantes da América Latina, que se encontravam pela primeira vez, se destacaram nesse encontro defendendo uma nova aproximação teológica a esses temas por parte das igrejas. O Pe. Gustavo Gutierrez, do Peru e o Rev. Rubem Alves, do Brasil. Poucos anos depois, numa situação de perseguição política, Rubem é acolhido nos Estados Unidos com uma bolsa de estudos para realizar seu doutorado em Teologia. Sua tese se constituirá então num aprofundamento da temática do desenvolvimento sob uma perspectiva teológico-política mais radical. É quando ele cria a expressão “Teologia da Libertação”.
Em 1971 o Pe. Gutierrez publica seu livro “Teologia da Libertação. Perspectivas.” Quando de sua publicação, o editor norte-americano sugeriu que este nome fosse mudado para um outro mais próximo dos temas teológicos em voga naqueles dias. Sugeriu então “Uma teologia da Esperança Humana”, que fazia eco ao recém lançado livro do teólogo Jürgen Moltmann “Teologia da Esperança”. “E, com isso, — disse Rubem — o nome teologia da libertação me escapou...”. Agora, na comemoração de seu cinquentenário, graças à iniciativa do Instituto Rubem Alves, temos o lançamento desta terceira edição, em homenagem póstuma a esta personalidade ímpar do protestantismo e da Cultura brasileira que foi o professor, teólogo, psicanalista, músico, cronista e poeta Rubem Alves.

Zwinglio M. Dias

Política / Religião e Espiritualidade