Ao longo de sua longa e fecunda carreira de professor dos cursos de Letras da Universidade de São Paulo, Segismundo Spina soube fundir harmoniosamente as suas duas paixões dominantes: a Língua Portuguesa, de que foi e é mestre insigne, e a palavra poética.
O seu numeroso alunado teve o privilégio de assistir às suas aulas sobre poesia trovadoresca, Os Lusíadas, poética renascentista, poesia barroca e poesia romântica, mas só alguns poucos leitores conheciam o poeta que se ocultava por trás do intérprete das letras portuguesas.
Este livro nos dá os frutos sazonados de ambas as vocações de Segismundo Spina: nele convivem o poeta de estofo vernáculo que ele foi desde a primeira juventude e o exegeta perspicaz de um poeta brasileiro de sua predileção, Gregório de Matos. Do Boca do Inferno saíram os versos escarninhos de "Marinícolas". Da veia não raro satírica do crítico Spina procede a análise histórico-filológica de um dos textos mais obscuros do nosso Seiscentos. O mestre enfrenta galhardamente duas questões histórico-filológicas: o que significa o termo "marinícolas" e, afinal, quem foi Marinícolas? E quem sai ganhando somos nós, leitores e admiradores de Segismundo Spina. - Alfredo Bosi