Eu escrevo poemas para quem não me quer
Por dois motivos:
O primeiro é essa esperança boba que todo escritor tem
de criar um mundo à parte do real e se contentar com ele.
O segundo, não há mais nada a fazer a não ser escrever e esperar.
Esperar por tudo e por ninguém.
Às vezes penso em colocar uma placa sob o pescoço: "Meta porrada e deixe um real".
Pois o vácuo,
o silêncio crepuscular da ida a lugar algum
me faz menos adjetivo
e mais substantivo comum.
Inesperadamente sob o domínio das reticências
e abandonado pelo ponto final.