Poemas para brincar nas quatro estações

A tradição do haicai e o gosto da leitura

O Paraná é um dos berços do haicai no Brasil. Primeiro pela colonização japonesa, muito forte principalmente no Norte. Segundo, por ter em seus poetas consagrados, representantes do poema japonês, não só no estado, mas no país. Helena Kolody, por exemplo, foi a primeira mulher a publicar um livro com haicais no Brasil (1941), cravando seu pioneirismo. Também Paulo Leminski, que mergulhou na cultura japonesa, assim como Alice Ruiz, poetas que dispensam apresentações.
Nesse panorama, o haicai vem atraindo novos adeptos, publicações, virou tema permanente nas escolas, ganhou mais postagens em redes sociais. Enfim, consagrou-se dentro do gênero poesia.
Poemas para brincar nas quatro estações chega para confirmar tudo isso, pois traz uma maturidade em sua jornada. Francine Cruz não saiu por aí escrevendo poemas e os chamando de haicai. Ela mergulhou na fonte! Aqui não se trata de uma expressão que a gente usa com frequência. Essa fonte é carregada de sensibilidade, disciplina e vivências.
Sim, a vivência no haicai é a própria alma do poema. Não há lugar para faz de conta ou imaginação. Disciplina é outra marca da jornada haicaística. Exercícios diários, observações, aprendizagem. A sensibilidade é a ferramenta de captura do poeta. Fica ao leitor, a fusão desses e de outros elementos. Esse espaço é inteiramente reservado ao receptador. É o leitor quem preenche esse vazio.
No haicai – e na vida também – a simplicidade exige uma evolução, um trabalho de desprendimento. Abrir mão do eu, falar das coisas como se elas tivessem voz. Com este livro, caro leitor, cara leitora, Francine Cruz mergulha num caminho sem volta – ainda bem! – pois já chega com personalidade, mostrando que o pioneirismo semeado por Helena Kolody rendeu muitas pérolas, preciosidades como este Poemas para brincar nas quatro estações.
Boa leitura!
Alvaro Posselt

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