Escritos ao longo da década de 1930 e publicados postumamente, estes Poemas humanos são um dos pontos altos da poesia do peruano César Vallejo (1892-1938). O vocabulário hipnótico, a um só tempo coloquial e preciso; os versos livres, mas trabalhados em filigrana, muitas vezes escondendo métricas complexas; a gama de temas, que vão do mundano e do político ao trágico e ao existencial — tudo isso converge em poemas de intenso lirismo e igual modernidade, com poucos paralelos na poesia do século XX. Ler Vallejo é uma experiência extrema, capaz de levar corpo e alma à beira da vertigem.
O mesmo vale para a experiência de traduzir Vallejo, como advertia o próprio autor ao afirmar que “os melhores poetas são menos propícios à tradução”. Nesta nova versão brasileira dos Poemas humanos, Fabrício Corsaletti e Gustavo Pacheco enfrentaram o texto escarpado de Vallejo sem se conceder atalhos fáceis. O resultado é esta edição — bilíngue e acompanhada de notas copiosas —, que busca tornar audível em português do Brasil uma das vozes mais poderosas da poesia latino-americana.
Literatura Estrangeira / Poemas, poesias