No Egipto Antigo, o exercício do poder é indissociável da sabedoria, concebida como um conhecimento das forças de criação e como a arte de as viver. Faraó não é apenas um homem político: enquanto rei-deus, ele é investido de uma função vital para a sociedade inteira. A relação constante entre a humanidade e os deuses é indispensável à manutenção da harmonia sobre a terra.
Nos textos, quer se trate de recolhas religiosas ou de obra literárias, desvendam-se os princípios de um governo dos homens assente numa concepção sagrada do mundo. O templo e a "casa de vida" são instituições fundamentais que ligam o espiritual ao material sem os confundir. É nelas que é criado o faraó, garante da ordem cósmica. Pela sua acção, os deuses estão na terra e os homens aprendem a conhecê-los.