Peregrinas de outrora: viajantes latino-americanas no século XIX

No Brasil, quando se pensa em narrativas de viagens no século XIX, logo vem à mente a imagem de naturalistas europeus ou norte-americanos, interessados em descobrir, registrar e estudar as belezas e complexidades da natureza sul-americana.

Este livro inverte totalmente a visão convencional dos estudos realizados sobre a literatura de viagens.

Em primeiro lugar, porque trata de viajantes mulheres e em segundo porque são latino-americanas que visitaram a Europa, com a finalidade de conhecer costumes diferentes. Junte-se a isso, Junte-se a isso o fato de as viajantes serem não apenas letradas mas escritoras, algo bem pouco comum na época. O mais interessante, contudo, e que através da análise de seus diários de viagens, autobiografias e outros escritos Stella Maris Scatena Franco nos apresenta à Gertrudis Gómez de Avellaneda, Eduarda Mansilla de García e Nísia Floresta. Ao tratar das trajetórias de vida dessas três viajantes – uma cubana, uma Argentina e uma brasileira -, a autora traz à tona os dilemas e as escolhas que fizeram ao longo de suas vidas e, é claro, como em seu percurso foram construindo a si mesmas. O viés comparativo que perpassa o livro aproxima as três personagens, mas também ilumina cada uma e as distingue entre si.

Por outro lado, com um olhar arguto mas extremamente delicado, Stella percorre essa escrita feminina evidenciando vários aspectos da sociedade do século XIX, com especial atenção às respresentações sobre as mulheres, desvendando relações de gênero nos espaços públicos e da intimidade.

História do Brasil