Pautado numa sólida base teórica, bibliográfica e documental, fruto de sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em História da UFSC, o livro de Ilanil Coelho oferece ao leitor uma análise acurada das mudanças e transformações identificadas na dinâmica vivida pela cidade de Joinville a partir da década de 1980. Ao desnaturalizar esse tempo recente da cidade – que até então mantinha um ideário teuto-brasileiro –, a autora mostra que nesse período a "Cidade das Flores" vive um turning point, por meio do qual ela se abre para novos grupos. Estes, atraídos pela disponibilidade de trabalho, lá passam a viver e ocupar novos espaços socioeconômicos, constituindo bairros e territórios peculiares.
Destarte, tal como aconteceu com outras cidades com identidade definida como teuto-brasileira ou alemã alcançadas pelos novos modelos de industrialização, Joinville "multiculturaliza-se", passando a rever e incorporar em sua imagem esses moradores dos novos bairros, com perfis diferenciados que a ressignificam.
Tomando como referência empírica várias festas realizadas na cidade e arredores, narrativas dos migrantes e a historiografia sobre Joinville, a autora cativa o leitor com sua linguagem muitas vezes intimista, ciosa dos detalhes e metodologicamente muito bem configurada.
Assim, como historiadora com um estilo perspicaz e isento, ela também desnaturaliza jargões consagrados e congelados e discute a nova Joinville: industrializada, multicultural, cosmopolita e globalizada, com as suas implicações decorrentes.
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