Parte considerável das lutas políticas contemporâneas atravessada pelo par ''lugar de falar/identidade''. Nesta díade, nota-se um esvaziamento trágico do engajamento das esquerdas por debates que tenham um alcance para além das fronteiras biográficas e nacionais. ''Palestina"" é um livro-ponte, nos conecta à história de resistência de um povo que está sendo submetido às políticas coloniais e segregacionistas de Israel/Estados Unidos há 71 anos. A imagem da ponte também nos serve para pensar o tipo de ética política sobre o qual o livro se estrutura. O ''Outro'', o povo palestino, torna-se ''Eu''. E aqui encontramos outra característica deste livro: é também um livro-testemunho. Não se trata de uma empreitada exclusivamente intelectual. Ao escrever sobre a Palestina, Sayid também se inscreve, também se narra. Podemos rastreá-lo pelos artigos escritos, nos eventos que participou e organizou. Este livro é a síntese provisória de três décadas dedicadas à causa de um povo que experiencia, na pele e na terra, o colonialismo e o apartheid. Não se trata, portanto, ''apenas'' de um livro, mas de uma declaração de amor à justiça e à vida.
História / Sociologia