Paiquerê, o paraíso dos Kaingang é uma narrativa primordial de um povo indígena hoje espalhado em mais de 30 reservas nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Valendo-se de um narrador-xamã, Cléo Busatto alinha três histórias da mitologia kaingang que indicam suas crenças, tradições, cultura e como eles se estruturam em sociedade: a primeira fala sobre a terra prometida, o paraíso; a segunda, sobre a conquista do fogo; e a última, sobre o grande dilúvio e a origem dos kaingangs.
Com a promulgação da lei que institui o ensino da cultura indígena no currículo escolar das escolas públicas e privadas, este lançamento de Edições SM vem suprir uma carência de publicações do gênero no mercado brasileiro. Além disso, a temática em favor da diversidade cultural oferece subsídios para o leitor se posicionar criticamente num mundo onde a xenofobia, o racismo e o preconceito ainda são muito presentes.
Indicado para leitores em processo (a partir dos 8 anos), este livro traz narrativas que falam de temas comuns e importantes a várias culturas, mas abordados e concebidos de forma peculiar. Os indígenas têm outra maneira de interpretar o mundo, bem diversa do homem branco, e é fascinante e enriquecedor poder perceber essas diferenças a partir de referências tão familiares para nós.
O traço robusto e colorido de Joãocaré complementa as histórias com vivacidade. Além disso, as imagens remetem a um universo da fantasia, da magia e do sonho, cheias de simbologias, como costumam ser as narrativas míticas e cosmogônicas.
Sobre a autora – Cléo Busatto é escritora, mediadora em projetos de oralidade, leitura e literatura infanto-juvenil e narradora oral de histórias. Mestre em Teoria Literária pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e pesquisadora transdisciplinar formada pelo Cetrans (Centro de Transdisciplinaridade), já publicou Pedro e o Cruzeiro do Sul, por Edições SM.
Sobre o ilustrador – Joãocaré é ilustrador, músico, professor de ioga e ex-grafiteiro. Nasceu em Porto Alegre, mas mora em Berlim, Alemanha. O primeiro livro infantil que ilustrou recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura em 2008. A partir deste ano João pretende dividir seu tempo entre a Europa, onde estão os filhos, e o Brasil, sua terra natal.