“Os curtos trinta e um anos da vida de Júlio Dinis bastaram-lhe para se transformar num dos mais populares escritores do nosso romance oitocentista. Os seus romances revelam-nos um vivo e comovente desejo de harmonização universal, uma veemente vontade de conciliação dos contrários de que o autor, utópica e romanticamente, acredita ser expressão a sociedade liberal em vias de construção ou sedimentação.(...) Em Os Fidalgos da Casa Mourisca, dois mundos contrapõe-se: de um lado o solar aristocrata e decadente de D. Luís, do outro a próspera herdade de Tomé da Póvoa, antigo empregado daquele, símbolo da nova burguesia rural em ascensão. A salvação da propriedade decorrerá da abertura de Jorge, filho de D. Luís, ao valor burguês do trabalho e às novas ideias de gestão rural de Tomé, contrapostas às ideias passadistas de Frei Januário, conselheiro do pai, mas também à interferência das forças da Providência veiculadas por personagens excecionais, por vezes quase angelicais."
Isabel Pires de Lima
Romance