Enredos em que nada é evidente, filmes que se abrem à interpretação de quem os assiste.
Não importa o seu tipo de cinema preferido, é provável que a maioria dos filmes que já viu tenha saído de Hollywood. O negócio que habita esse distrito de Los Angeles, por mais que que se baseie na criação artística, é isso mesmo: um negócio. E não se ganha dinheiro com produtos que as pessoas não entendem. O grosso dos espectadores prefere histórias em que tudo está mastigado, porque a mente trabalha no sentido de reconhecer padrões e encaixá-los no nosso repertório. Hollywood, assim, emprega lógicas narrativas que obedecem ao padrão de consumo – o que David Bordwell, teórico e historiador da sétima arte, chama de “um cinema excessivamente óbvio”.
Mas você comprou esta revista, então faz parte de outro grupo. Segundo Bordwell, são pessoas com hábitos de cognição e percepção visual elaborados. E que talvez gostem de enredos em que nada é evidente, filmes que se abrem à interpretação de quem os assiste. Esfinges que o espectador deve decifrar – ou saborear o desconhecido.
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