De que trata este livro? Não é da fenomenologia do "Espírito", mas da fenomenologia do meu espírito, ou do movimento pelo qual cheguei ao repouso. Este movimento foi o rompimento com uma tradição e a redescoberta da razão filosófica, como razão grega. Foi a própria razão moderna, como razão moral, que me libertou dos sistemas tranquilizadores da filosofia moderna -- mas ideologia do que filosofia --, e me levou de volta à razão grega. E à sabedoria, isto é, à dureza não do coração, mas da vontade, correlativa da dureza implacável do mundo -- resumida na noção de destino. Por mais pessoal que seja o olhar do filósofo, o que ele tem em vista não é sua pessoa ,mas somente a verdade. O que me interessa não é de que maneira vejo o mundo, mas vê-lo como deve ser visto, em verdade. E, por "verdade", não entendo somente a minha, mas, em direito, a de todos e de cada um. Faço-a minha porque ele é, a meu ver, a verdade, não o contrário.
Filosofia