OCITOCINA, BEM-ESTAR E A REGULAÇÃO DO AFETO

OCITOCINA, BEM-ESTAR E A REGULAÇÃO DO AFETO Eliana Nogueira-Vale


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OCITOCINA, BEM-ESTAR E A REGULAÇÃO DO AFETO





Esse livro está sendo escrito num momento difícil de nossas vidas. A situação de pandemia de covid-19 tem nos privado do contato pessoal físico e presencial, o que representou um golpe nas relações entre as pessoas. Por coincidência, a ocitocina (OT), tema desse livro, tem papel fundamental na organização de nossa vida social e na criação de laços afetivos.
A OT é um hormônio cerebral típico dos seres mamíferos, seres humanos inclusos, e, após sua descoberta, caiu no gosto popular e tornou-se conhecida como o “hormônio do amor”, dando origem a uma série de informações sensacionalistas e com pouca profundidade científica, o que esperamos ajudar a corrigir com esse livro.
Os estudos da OT em seres humanos começaram apenas em 2000, o que caracteriza como muito recentes e em desenvolvimento. Atualmente, sabemos que a OT tem papel essencial em inúmeras áreas, cujos detalhes serão apresentados ao longo do livro: comportamentos sociais em geral, apego, regulação do afeto, homeostase, qualidades antálgicas (analgésicas), cicatrizantes e regenerativas, assim como na produção de estados de calma, bem-estar, confiança, segurança, realização e felicidade, apenas para mencionar alguns.
Quando a OT é produzida no corpo, um estado afetivo de bem-estar e conforto tende a se instalar na pessoa. Seria uma situação equivalente à reunião de uma criança com a mãe.
Quem já tentou se alimentar após uma forte contrariedade ou problema afetivo sabe bem que não se tem fome, não se consegue engolir a comida e que, se conseguir, a digestão pode ser bastante conturbada.
A OT também apresenta importante função na restauração do organismo de adultos após situações de estresse, inflamações e esgotamento físico/mental extremo na vida profissional, a chamada síndrome de burnout. Em situações de danos corporais, a OT ajuda a acelerar a restauração de tecidos corporais danificados e a cicatrização de lesões. Além disso, a OT tem efeitos antálgicos, ou seja, que diminuem a intensidade da sensação de dor. Estar acompanhado por uma pessoa amorosa, que possa confortar o outro durante um procedimento invasivo, geralmente, diminui sua dor e sofrimento.
Por abranger um escopo tão amplo e importante de efeitos relacionados à produção de OT, esse livro é endereçado aos estudantes de psicologia, medicina e demais profissionais da saúde, e também ao leitor leigo interessado nas ciências da vida. Evitarei, assim, usar uma linguagem excessivamente técnica ou acadêmica, para facilitar a compreensão do texto.
Ao longo deste livro:
- Contarei como se desenrolou o conhecimento a respeito da OT, desde sua descoberta, no início do século XX, até hoje, e como se deu essa trajetória no exterior e no Brasil.
- Falarei sobre suas fundamentais implicações para a saúde mental e física das pessoas, inclusive no tratamento de transtornos psiquiátricos.
- Apresentarei a pesquisa-piloto para fins de doutorado, realizada no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), intitulada “Estimulação natural da ocitocina e regulação do afeto: uma investigação em mulheres de meia-idade na cidade de São Paulo”, e a tese de doutorado realizada no Instituto de Psicologia da USP, com colaboração do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), intitulada “Relações entre ocitocina, apego e sono em pessoas com transtorno de ansiedade generalizada”.
Espero que vocês gostem do livro e também que consigamos nos reinventar socialmente, neste cenário pandêmico em que nossos contatos afetivos estão submetidos às leis do distanciamento social.

Medicina e Saúde

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