Uma obra necessária e corajosa
Em comunidades formadas pro descendentes de imigrantes, são comuns visões apologéticas sobre as próprias origens. Comumente, essas representações coletivas são legitimadas e alimentadas por obras literárias e historiográficas pouco comprometidas com a revelação da realidade histórica. Temáticas tradicionalmente vinculadas a valores morais, ideológicos e religiosos dominantes são ainda mais sujeitas à mistificação.
Em O SEXO, O VINHO E O DIABO, Ismael Vannini aborda a mais embaraçosa dessas questões: os hábitos sexuais coloniais ítalo-gaúchos, dentro e fora do casamento. Trata-se de trabalho científico sério, que confronta a interpretação dominante moralmente elogiosa com os depoimentos dos principais protagonistas históricos, os descendentes de imigrantes de terceira idade. Trabalho de coragem, já que Ismael não hesitou, na busca da verdade, em violentar lugares-comuns consolidados sobre a questão.