A problemática desta pesquisa é referente ao contexto do surgimento da arte mineira no século XVIII, marcada pela colonização portuguesa e a afirmação dos valores católicos cristãos. As obras desse período são definidas pela retórica e são condicionadas pela economia do ouro e por uma sociedade baseada em cânones aristocratas e escravocratas. A história de Minas Gerais caracteriza-se, acima de tudo, por uma religiosidade específica dentro do território colonial português assinalada pela organização laica das ordens terceiras, confrarias e irmandades. Nesse sentido, todo um aparato artístico foi importante para mostrar, distinguir e ordenar essa sociedade que ficara rica rapidamente, ao mesmo tempo em que grandes setores dessa mesma sociedade estivessem pobres, escravizados e sem perspectiva de vida. O objetivo geral da pesquisa foi promover uma análise da iconografia religiosa dessas diferentes irmandades analisando o discurso do poder instituído nessa época por meio dos símbolos e alegorias cristalizados nas obras artísticas desses grupos. As associações leigas mais significativas em Minas Gerais, por conta da quantidade e qualidade de seus templos e capelas, são: Ordem Terceira de Nossa Senhora Do Carmo, Ordem Terceira de São Francisco de Assis, Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e Irmandade de Nossa Senhora das Mercês. Especificamente, objetivou-se determinar a narrativa hagiográfica localizada num contexto colonial fruto de uma relação estreita entre catolicismo romano e o Estado absolutista português.
Arquitetura e Decoração / Artes / História do Brasil / Sociologia