Em uma época regida pelo puritanismo, O morro dos ventos uivantes foi recebido com duras críticas. O choque foi ainda maior quando, em 1850, sua verdadeira autoria foi revelada a uma sociedade habituada a julgar mulheres que, como Emily, fugiam de um ideal feminino fantasioso. A narrativa do amor corrosivo de Heathcliff e Catherine Earnshaw, no entanto, é tão hipnotizante que prende leitoras e leitores no emaranhado de complexas camadas da mente humana. E também na trama de uma paixão violenta, obscura, capaz de sobreviver até mesmo à morte.
Não havia nenhum personagem como Heathcliff na literatura. Considerado um herói byroniano ou o arquétipo do anti-herói atormentado, ele é guiado pela fúria, pelo ciúme e pela vingança. Destrói tudo o que encontra pelo caminho, inclusive — e sobretudo — a si próprio. Catherine Earnshaw, por sua vez, não está longe disso. Dividida entre o amor e a ambição, é o avesso do modelo romântico perfeito. Cathy é um espírito livre, uma jovem mimada e arrogante, que tortura e leva à agonia todos que se atrevem a amá-la.
Romance