O homem que vive

O homem que vive Teixeira Coelho


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O homem que vive


Uma jornada Sentimental




Na véspera de seu retorno a São Paulo, oito anos depois, na tentativa de reencontrar seu anjo, seu mais próximo e dedicado anjo, o anjo que ele encontrara e rejeitara, começou a nevar na cidade pela primeira vez na vida [...]
Logo no início o narrador desta história, seu aparente personagem principal, anuncia: “esta é uma história sobre a felicidade”. Anuncia ou adverte que em jogo está a “tola felicidade”, a “insensata busca da felicidade”.

Adverte é bem a palavra. É preciso estar ciente de que se vai ler sobre isso. Borges escreveu em algum lugar: o romance contemporâneo não mais pode ser uma história de sucessos, vitórias e afirmações, matéria hoje apenas para as biografias e os livros de autoajuda. A ficção ficou com o “herói problemático”, o fracasso e o beco sem saída.

E no entanto... a felicidade está ao alcance do personagem, que se surpreende com a quantidade de momentos felizes em sua vida. Mesmo quando “a felicidade não é alegre”, como viu Godard sugerir num filme.
A forma dessa busca é a de um livro de viagem, gênero clássico e atual em tempos de globalização. As pessoas ficam umas com as outras, como diz o novo eufemismo para o sexo, mas não ficam em lugar algum: estão por toda parte – o que significa, também, em parte alguma. Viraram utopias de si mesmas.

O timbre estilístico deste livro é diferente daquele de romances anteriores do autor. As palavras e frases passam rápidas e breves e os saltos na narrativa são mais frequentes. O tema é a relação entre o homem e a mulher num mundo que desaparece e se altera de um modo inquietante que no entanto parece normal. O passado é o pano de fundo (com um ano da década de 70 que retorna sempre: 1973, o mesmo do golpe no Chile e de tanta coisa) mas não um problema: o personagem está ancorado num presente que se estende.

É uma jornada, é sentimental e começa já no índice do livro, parte integrante da narrativa que se inicia, ou termina, numa São Paulo sob a neve. Mas não há nada de realismo mágico ou outro clichê vazio aqui, a chave é outra, a epígrafe de Paul Celan dá a melhor pista: Você é minha realidade / Eu sou sua miragem. O personagem talvez seja uma miragem da cidade e a cidade, qualquer delas, é sua realidade.

O mesmo vale para ele e “seu anjo”. É um jogo de espelhos, fragmentados e complexos – mas não há nada de errado nisso. A felicidade está ao alcance da mão mesmo que a imagem da cidade sob a neve incomode."

Romance

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on 28/5/19


Impressões de leitura: gostei bastante do livro em alguns sentidos, em outros ele contrariou minhas expectativas. Achei interessante a proposta do Teixeira Coelho de tentar conciliar as referências ao cânone das artes e a proposta de fazer um livro sobre a felicidade. Poderia ter saído um resultado insosso dessa proposta, mas não foi o caso. Buel (apesar do nome, que é anagrama de "blue") se surpreende com a quantidade de momentos felizes que ele encontra em suas memórias, todas elas l... leia mais

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Desejam3
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Fabiana
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07/07/2013 13:59:54
andre
editou em:
04/05/2015 20:52:07

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