Abre-se o pano, o Maestro surge dos bastidores, coloca-se ante a orquestra, curva-se aos aplausos e, voltando-se para os músicos, faz um momento de concentração e baixa batuta.
A platéia, feliz, relaxa; daí por diante, tudo é fruição e fantasia. O público muitas vezes desconhece, porém, que uma orquestra sinfônica compõe-se de pessoas que também sofrem e têm seus conflitos, dos quais o maior talvez seja conciliar sua vocação com as circunstâncias especialíssimas em que a música sinfônica é realizada num país ainda às voltas com a miséria e incompreensões de toda ordem. Cada concerto levado a termo é uma verdadeira façanha.
O autor pertenceu a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre no período que coincidiu com o milagre brasileiro e do neo-ufanismo, mas também de uma extrema verticalização do poder, a qual se refletia inclusive nas relações entre administração da Orquestra e dos seus músicos.
Para o autor, esta é uma obra de ficção, e como tal quer que ela seja entendida - ainda que esteja carregada de vivências.
Literatura Brasileira / Romance