O violinista, compositor, filósofo e escritor Jorge Mautner não vivenciou os horrores da Segunda Guerra Mundial na Europa. Mas como filho de pai judeu e mãe católica, ambos vienenses, ele tem muito para contar por que se considera um filho do Holocausto. Em 1939 seus pais fugiram da Áustria. Ainda permaneceram um período na Itália fascista, acolhidos pelo Vaticano, depois foram para Portugal e finalmente para o Brasil, a bordo do famoso navio Serpa Pinto. Deixaram uma filha de 12 anos na Inglaterra, com parentes, mas a mãe, viajou grávida de Henrique George Mautner que veio a nascer no Rio de Janeiro em 17 de janeiro de 1941.
A partir deste prólogo, o leitor terá a sensação de estar diante de um álbum de fotografias, cujas imagens se transformam em movimento e descrevem, o Rio das décadas de 1940 e 1950 e depois a capital São Paulo dos anos 50 em diante. O narrador é Jorge Mautner e os personagens em torno do memorialista, transbordam de afeto, cultura, inteligência, liberalismo e solidariedade. Ingredientes fundamentais na sua formação. São eles: o pai, a mãe, o padrasto, a babá sacerdotista do candomblé e os inúmeros amigos que Jorge Mautner vêm conquistando desde quando nasceu em terras cariocas, como um filho do Holocausto.