Lucian Blaga embrenha-se num empreendimento filosófico em que opõe a ciência de tipo antigo-aristotélico à ciência de tipo galileo-newtoniano e investiga as condições que possibilitaram esta “mudança de mentalidade”. Para Blaga, a explicação para tal mudança se encontra na atitude das diferentes culturas diante de atividades práticas; contudo, não a considera um problema sociológico, mas profundamente filosófico. A discussão acerca dos métodos da ciência, dos modos de racionalização e da relação entre experimento e teoria também merece destaque. Muito do que Blaga diz neste livro soará familiar aos leitores habituados à bibliografia da área, dadas as convergências entre ele e Alexandre Koyré, Thomas Kuhn ou Gerald Holton. Com um detalhe: sua obra foi publicada antes dos estudos que consagraram os autores mencionados. Na substanciosa apresentação à edição brasileira, outro notável filósofo romeno, Horia-Roman Patapievici, deixa clara a estatura de Lucian Blaga – como filósofo, como escritor e como poeta. Mas faz mais que isso: situa este volume no conjunto maior das obras do autor, assim como situa o autor no plano das discussões filosóficas do século XX. Não fossem vicissitudes de natureza extrafilosófica, Blaga seria presença constante no cânone da filosofia moderna.