O livro revela, de modo cabal, o alto nível que a crítica universitária pode atingir, quando exercida por profissionais que saibam aliara sutileza e erudição. O livro demonstra com quantos estilhaçamentos o poeta busca construir sua precária utopia do uno, com quantos "eus" se faz um Eu. Sob a marca da primeira pessoa do singular oculta-se um sujeito plural, espécie de porta-voz das dúvidas atávicas da humanidade, e oscilante entre a consciência culposa e um desejo de superação, isto é, entre a perpetuação do sofrimento e a miragem de uma nova ordem que poria termo à dor e à vivência dilemática da melancolia que a prolonga.
Literatura Brasileira