O esqueleto no skate

Skate Magrão queria ser o melhor skatista do mundo. Sozinho, praticava guinadas impossíveis e vôos que desafiavam a lei da gravidade. Ele e a prima Vitória Wilson, ambos alunos da Escola do Terror, podiam ser vistos com freqüência, sujos e esfolados, tantos eram os treinos e tombos. Curvas fechadas, estradas desertas e inexploradas. Nada parecia intimidá-los. Mas a Curva do Morto continuava lá, sombria e invencível. Até dominá-la, Magrão não seria capaz de nada.

Sentia-se derrotado. Para animá-lo, só mesmo o skate da vitrine, um modelo folheado com verniz de alta flexibilidade à prova de rachaduras e tecnologia de ponta para garantir o equilíbrio. Top de linha, sob medida para emoções sobre rodas. Por aquele preço, nem que juntasse as mesadas, de todos os anos, durante 30 anos.

Enquanto isso, na Escola do Terror não se comentava outra coisa: alguém tinha conseguido descer a curva do morto. Para espanto de todos, entretanto, não era nenhum conhecido. Jovem? Velho? Homem? Mulher? Ninguém sabia. De longe parecia uma figura esquelética, esquisita, voando em um skate que brilhava na escuridão, assim como as lápides do cemitério. Um fantasma, quem sabe? Afinal, a curva tinha uma fama sinistra mesmo.

Macabra ou não, aquela pessoa conseguia descer a Curva do Morto de skate e isso era o que realmente importava. Como um estranho ousava fazer o que eles até então não tinham conseguido? Afinal, quem era ele?

Para aumentar a tensão nos corredores da Escola do Terror, os garotos ainda se meteram em uma disputa. Odiado por unanimidade, Edu Hermes desafiou Magrão para um campeonato. Quem vencesse, ganharia o skate do outro. Quem vencesse ou quem saísse vivo. Edu era capaz de qualquer coisa para se dar bem. Vitoria também pensava assim e achava que Magrão estava diante de uma baita encrenca. Ela sabia que precisava encontrar uma solução. Antes que fosse tarde demais.