Existem pelo menos três boas razões para ler O Crepúsculo do Dever, um dos mais conhecidos ensaios de Gilles Lipovetsky. A primeira deve-se ao prazer proporcionado por uma escrita a todo o tempo clara e por um pensamento que nunca se nos apresenta como peremptório. Pode-se contestar as teses do seu autor, mas não a sua seriedade. A segunda razão vem da persistência com a qual Gilles Lipovetsky procura compreender as mudanças de que são alvo os códigos sociais e morais das sociedades pós-modernas. Finalmente, a terceira, aparentemente mais fútil, mas só aparentemente, é que será fácil brilhar nas universidades ou em reuniões, mesmo que sejam poucas as ideias que dele retenhamos sobre a família, o sexo, o esporte, a caridade ou a gestão. Afinal, um livro também é feito para isso - e este encontra-se extraordinariamente adequado ao seu tempo.