Michel Onfray e André Comte-Sponville são os dois mais famosos representantes do ateísmo filosófico francês contemporâneo, que continua uma tradição iniciada no século XVIII de negação irreligiosa da noção monoteísta de Deus. Embora compartilhando várias ideias, como o naturalismo e, obviamente, a rejeição do monoteísmo, suas propostas têm diferenças importantes. Onfray imputa à religião a maioria dos males enfrentados pela humanidade, recusando-se a fazer qualquer concessão à tradição religiosa monoteísta, e propondo uma filosofia libertária de tipo hedonista e materialista. Comte-Sponville vê aspectos positivos na religião no tocante à manutenção da unidade social e propõe uma espiritualidade mística ateia. O artigo faz uma breve apresentação de suas teses e formula críticas a ambas as propostas. Onfray está muito mais preocupado em convencer de uma proposta política do que em argumentar filosoficamente em favor de uma tese e Comte-Sponville não parece perceber as consequências auto-refutadoras do naturalismo, que também torna muito problemática a própria noção de moralidade.
Artigo recebido em 15 de setembro de 2010 e aprovado em 17 de dezembro de 2010.
Autores:
Agnaldo Cuoco Portugal - Doutor em filosofia da religião pelo King's College da Universidade de Londres, professor do Departamento de Filosofia da UnB. País de origem: Brasil. E-mail: agnaldocp@unb.br
Abraão Lincoln Ferreria Costa - Mestre em filosofia pela UnB. País de origem: Brasil. E-mail: abraaofilosofia@gmail.com
Horizonte, Belo Horizonte, v. 8, n. 18, p.127-144, jul./set. 2010- ISSN:2175-5841
Artigo original DOI – 10.5752/P.2175-5841.2010v8n18p127 v. 8, n. 18, p.127-144, jul./set. 2010- ISSN:2175-5841
Filosofia / Religião e Espiritualidade